segunda-feira, 20 de abril de 2009

Paixão por um legume baba

Desde pequena que sempre comi de tudo, quiabo, jiló, fígado e outras coisas que muita gente não come nem sobre tortura. Porém, na última semana eu tenho apresentado uma vontade enorme de comer Kiabbo, não só comer como também devorar!!!
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Cabe lembrar que quiabo é:
- Ele fresco é um fruto imaturo. Os quiabos têm forma de cápsulas, são verdes e peludos e apresentam um tipo de goma viscosa.
CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Gênero: Abelmoschus
Espécie: A. esculentus
INFORMAÇÕES: o quiabo é um vegetal de cor verde e formato alongado e fino. Cada 100 gramas de quiabo possui, aproximadamente, 35 calorias. Portanto, é um alimento de baixo nível calórico. Possui uma boa quantidade de vitaminas A e C. Com relação aos sais minerais, possui: fósforo, ferro e cálcio. O período de safra é de dezembro a março. Porém, pode ser encontrado em todos os meses do ano. É consumido na forma de refogados, sopas e ensopados (com carne). Ao cozinhar, o quiabo solta um líquido viscoso, popularmente conhecido como "baba" do quiabo. É um vegetal de origem africana.
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Calma, me deixa explicar. Na quinta-feira da semana Santa, estávamos eu e Geni, minha companheira inseparável, tomando nossa Santa cervejinha e fazendo exposição da figura no "Alto Botafogo" (imediações da Casa da Matriz e da Pista 3 - já que tem o baixo botafogo, eu dominiei a minha área de Alto Botafogo rsrsrsrs). Quando, em frente ao Bar Risoto, surge uma figura que parecia ter saido de um filme dos anos 80, está certo!!! No Alto Botafogo não é dificil cruzar com essas figuras, mas esta me chamou a atenção. Ele vestia camisa branca de botão e mangas compridas dobradas até o cotovelo, calça jeans e sapatos de couro preto com a ponta quadrada. O cabelo estava cortado em estilo moicano, descolorido e pentiado para trás com gel. Lembro que comentei com a Geni de como ele me chamou a atenção. Enfim, terminamos nossa cerveja e fomos para o Boteco 3 (lá a cerveja é mais barata e o nosso lema é: "beba mais por menos"). Alguns minutos depois chega ao bar a "figura anos 80" que tanto tinha me chamado a atenção, mais uns minutos e ele se aproxima para fazer divulgação de uma festa no Cine Lapa, College Rock Party:
- Oi, vocês vão fazer alguma coisa sábado à noite? - pergunta ele segurando um panfleto na mão.
- Sim - eu respondo - a gente vai numa festa.
Não quiz revelar qual a festa que a gente ia assim de cara, "Eu amo baile funk" no Circo Voador, não por vergonha, até mesmo porque eu gosto mesmo é de me diverti, mas eu não queria era entregar o jogo logo de cara, sabe? Fazer um charme e valorizar a conversa.
- Poxa, vai rolar uma festeeenha no Cine Lapa em tributo aos Stray Cats e The B-52's. Rola um filme a partir das 9 horas e depois umas bandas vão tocar... e blablabla...
Quando eu ouvi "festeeenha" pensei, hum... eu conheço essa voz. Olhei dentro dos olhos dele, bem no fundo, buscando enxergar o que estava oculto e de onde eu conhecia aquela voz. Ele continuava a falar e eu a observar. Tenho que prolongar esta conversa, pensei.
- Mas me fala aí. Que tipo de rock é? Você vai tocar?
Fiquei na ponta dos pés para ver o cabelo, observei as bochechas, o pescoço, as mãos e depois de mais uma "festeeenha" a confirmação. É o Kiabbo, caralho é o Kiabbo!!! Várias idéias passaram na minha cabeça, eu queria trocar estas idéias com ele, sei lá... Mas fiquei timida, para variar, faltou algumas cervejas na mente. Ele se despediu.
- Tchau. Oh! Cine Lapa sábado, fala com seus amigos.
Eu o vi contornar a esquina da São João Batista com a Voluntários da Pátria e sumir...
- Geni, Geni!!! Era o Kiabbo!!!
- Que Kiabbo, porra!!! Tá doidona? Eu acho que não era não!
- Era sim. Tô falando. Tenho certeza. Manda mensagem para a Natasha.
- Porra fala sério, pede mais uma lá.
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No dia seguinte, durante o almoço com Geni e Natasha toquei no assunto e elas me chamaram de louca. "Como assim você reconheceu?" Me senti desafiada, corri para o Pai de todos nós: o GOOGLE (antigamente quando a gente não sabia uma coisa a gente perguntava para o pai/mãe, hoje a gente corre para a internet). Fiz uma pesquisa minuciosa e confirmei minha suspeita. rsrsrsrsrsrsrsrsrs Eu estava certa!!!! Mas o que eu não sabia era que o "fentiço ia virar contra o feiticeiro"!!!
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Passei a semana no google pesquisando e lendo sobre a vida do Ricotta. Foi nessa que eu me ferrei. Contrai, desenvolvi, peguei, sei lá como denominar, uma "paixão platônica" pelo Ricotta. Os textos que ele escreve, não consigo parar de ler. As músicas da banda dele, não consigo parar de ouvir, principalmente a "Bomba de bunda"... foi quando eu vi o clipe no blog "Venha para o mundo de Ricotta" que eu me apaixonei!!!
Tá certo! Tá certo! Está rolando uma idealização, mas vou usar as palavras do próprio artista:
"Você é minha idealização mais foda de todas. Mas nem precisa ficar se achando por isso. Pois ela é minha e não sua, porra."
Verdade seja dita!!! Eu estou idealizando, estou me sentindo atraida por um cara que, sei lá... nem sei quem é de verdade. Estou me sentindo bem perto da insanidade.
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Mais uma quinta-feira, sete dias depois de ver/conhecer/reconhecer Kiabbo/Ricotta ou será Ricotta/Kiabbo?, eu e Geni no mesmo local, tomando nossa cervejinha esperada da semana. Eu estava sem comer e sem dormir, pois tinha saido do plantão às 8h da manhã, assistido aula no mestrado o dia todo e engatado na cervejinha. Com esse quadro, depois de dois ou três copos eu já estava ficando "alegrinha". Fomos para o Bar Risoto, pedimos uma cerveja e fomos para a calçada. Conversa vai, conversa vem, a Geni me perguntou:
- Amiga, o que você quer fazer hoje?
- Eu quero comer um legume que baba. rsrsrsrsrsrs
Quando eu olhei para frente o Ricotta estava entrando no bar. Apertei a mão da Geni bem forte e falei para ela olhar para trás.
- Num morre mais... rsrsrsrsr Caralho!!! - Geni.
Eu fiquei muito nervosa. Experimentei sensações que tinha esquecido, comecei a tremer, meu coração disparou, a mão começou a suar e a voz a falhar. Parecia uma adolescente de 13 anos (da minha época, pelo menos). Ele saiu do bar.
- Vamos falar com ele - falou Geni.
- Não! De jeito nenhum, eu não quero!!!
- Fala sério Zaila, você? Com medinho de falar com um cara? Não tô te entendendo.
- Não, pelo amor de Deus! Não tô pronta.
Geni nem me ouviu, saiu apressada pela rua e eu atrás berrando. Ela me chamando de histérica. E eu estava mesmo em uma crise histérica. Eu não conseguia (e ainda não consigo) entender o que estava acontecendo comigo. Poxa eu tenho 26 anos e estou de paixonite aguda por um cara que nem sei quem é, que não sabe quem eu sou e vai acabar me conhecendo da pior maneira possível!!! Gritei:
- Se você for falar com ele eu nunca mais olho na sua cara!!! - incorporando uma "Maria do Bairro" qualquer, bem mexicana e bem dramática, bem a minha cara!!!
Geni parou e falou:
- É Zaila, realmente você está tendo uma crise histérica.
Ao olhar para trás vimos dois amigos, Geni desistiu da investida e voltamos para frente da Casa da Matriz para papear. Acabamos recrutando Mônica para nossa cervejinha, assim fechamos o trio de 5ª (categoria ou feira? rsrsrsrsrs).
Um pouco mais calma, chamei as meninas para ir para o Boteco 3, ao virar a esquina da Henrique Novais com a São João Batista avistei a "figura anos 80" que não estava vestido como tal, mas continuava a chamar minha atenção. Fiz Geni jurar que não ia falar com ele. Ela jurou. Seguimos para o boteco.
- A primeira é minha - gritei.
Quando estou saindo do bar ouço Geni falando:
- Oi, e aí como foi o show de sábado?
- Heim? - Ricotta.
- O show? Sábado. Você não divulgou seu show pra gente?
- Nem sei, falei com tanta gente. Mas foi legal! - Olhou para mim - É eu falei com ela.
- Rsrsrsrs(sem graça) Gente a cerveja, Geni seu copo, Mônica o seu... tá aqui.
- Poxa, tem cerveja pra mim? - Ricotta.
- Pega um copo.
- Não me dá a garrafa mesmo - pegando a garrafa da minha mão, limpando e levando-a a boca.
- Qual é mesmo o seu nome? - Geni.
- Felipe.
- Vulgo Kiabbo.- porque eu não fiquei quieta? Tinha que falar besteira?!
- Rsrsrsrs (sem graça) Você me reconheceu.
- É, semana passada, mas elas não acreditaram em mim e eu tive que procurar na internet.- Mais uma vez PORQUE EU NÃO CALEI A MALDITA BOCA!!!
- Ah! O Kiabbo nosso calouro Zaila? Aquele do DCE? - Geni tentando amenizar o meu desespero. Eu falei que não estava pronta.
- Não. Poxa, vamos entrar na Pista 3? - Ricotta.
- Não, nós vamos para a Pista 4. - Eu.
- Pista 4? - Ricotta.
- É o quarto dela que fica neste prédio da esquina. Muitas festinha, porres e multas de condomínio. - Geni.
- Pô! Me chama para uma dessas. - Ricotta.
- Você vai tocar pra gente? - Geni.
- De máscara ou sem máscara? - Ricotta.
Risos - geral.
- Poxa, eu tenho que tocar vocês não vão entrar na Pista 3, então, me dá o endereço da Pista 4 que eu vou passar lá depois - disse ele saindo para pegar papel e caneta.
Neste momento eu tinha comprado mais uma cerveja e estava segurando-a pelo gargalo atrás do corpo. Fiquei tão nervosa que a garrafa caiu, quebrou e cortou meu pé que começou a sangrar muito!!! Ele se despediu rapidamente, disse que tinha que entrar e que passava lá em casa depois. Claro que não ia passar!!! É lógico.
Eu fui em casa, lavei meu pé e voltei para a rua. Tomar mais uma cerveja era necessário!!! Ele saiu da Pista 3 e a gente ainda estava lá no Boteco 3. Geni ainda falou com ele alguma coisa do tipo, "Já vai embora?", ele respondeu que não, que já voltava. Mas eu não conseguia mais sustentar a situação. Resolvemos ir embora.
Conversei muito com a Geni sobre a situação. Pensei estar beirando a insanidade. Mas me convenci de que minha paixão não é por um apresentador de televisão intocado e sim por um artista, um poeta, um compositor que escreve muito bem. Que me fez pensar sobre a posição que muitos homens assumem frente aos relacionamentos. Muita confusão na comunicação.
Estado total de IDEALIZAÇÃO que me faz afastar, que me faz não querer, que me faz fraquejar, que me faz não sustentar meu desejo de estar há uma semana apaixonada por algo que nunca será meu e que não faz o menor sentido. Mas que me fez ter vontade de voltar a escrever, de contar minhas histórias e minhas invenções, minhas indagações e elaborações sobre minha vida. Expor uma parte da minha alma, que não é a única, nem a verdadeira, mas que diz um pouco sobre quem sou e sobre quem pretendo ser.
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