segunda-feira, 28 de julho de 2008

Diferenças

  • Em mais uma noite de sexta-feira estávamos, eu e minhas amigas, a circular pelo centro do Rio de Janeiro. Era a última sexta do mês, dia em que rola um Baile Charme na Rua Álvaro Alvim na Cinelândia. Fazia algum tempo que nós não íamos ao Baile Charme, resolvemos então qual seria a primeira parada da noite. Ligamos e marcamos com o resto da galera. Aquela noite estava chovendo fino e frio, a maior parte da galera desistiu de sair. Ficamos, então, eu, Júlia, Mel, Flávia e Clara.
  • O Baile Charme chama a atenção por ser um encontro de pessoas que curtem o som, mas acima de tudo por reunir um número considerável de negros. Homens e mulheres que se destacam por sua beleza e por um estilo autentico de se vestirem e comportarem. Pelo nome do blog já deu para perceber que me identifico com bastante com o evento e além do mais é o lugar que reúne um número considerável de "negões", todos muito gatos...
  • Logo de cara a gente começou a fazer o reconhecimento do local, escolher o lugar pra beber, o lugar para ficar e os gatos que íamos investir nossa libido, que nas sextas estão pra lá de acumuladas. Cada uma com seu gato em vista, começa a troca de olhares, ajeitar o cabelo, sorrisos ao levar o copo de cerveja a boca e, principalmente, a dança... bem solta!!! Este tipo de investida na maioria das vezes dá certa, mas não garante sucesso na escolha do parceiro. E foi o que aconteceu comigo.
  • Avistei, logo que cheguei, um rapaz muito bem apanhado (nossa lembrei da minha avó agora, apanhado?!), dançando, com um sorriso lindo, negro, de cavanhaque, um pouco mais alto que eu, uma gracinha... deu-se início o jogo de sedução, olhares risos, mímicas... A Júlia, não aguentando mais ver a falta de iniciativa do rapaz e também com algumas cervejas na cabeça, se aproximou dele para puxar assunto e apresenta-lo para mim. Apresentações feitas, a surpresa! O cara era deficiente, não que isso seja algum impedimento para que me relacione com alguém, mas eu não conseguia entender o que ele falava. Ele sugeriu que nós fossemos para um lugar mais silencioso, eu aceitei. Ao sair falei com a Júlia: "Amiga, não consigo entender o que ele fala, acho que ele é fanho". Ela com uma cara de assustada olhou pra mim e disse: "Fica!". Eu não fiquei, fui conversar com o cara, afinal de contas o cara era gato e acredito que deficiências não devem ser impedimentos para nos relacionarmos com as pessoas.
  • Eu continuava a não entender o que ele falava, mas sabia que queria beijá-lo. Eu ficava balançando a cabeça, como se estivesse entendendo o que ele falava e ele queria realmente conversar... Ouvi alguns elogios, sorri timidamente e recebi, então, o beijo... Minha vontade foi dar meia volta e voltar para a companhia das minhas amigas. Na mesma hora comecei a pensar sobre os meus valores. Será que eu não gostei do beijo por que o cara era fanho? Eu que tanto trabalhei e trabalho para a inclusão educacional e social de indivíduos com deficiência estava sendo pré-conceituosa?
  • Com um sorriso meio "amarelo" disse a ele que tinha que falar com as minhas amigas, pois estava quase na hora de nós irmos embora. Não menti, íamos mesmo, mas não era para casa era para Lapa. Quando encontrei minhas amigas, em um desabafo, abracei Flávia, minha companheira nas lutas pela inclusão, e falei: "Amiga, o cara é fanho! Tô sendo pré-conceituosa!". Ela colocou as mãos na cintura, olhou bem pra mim e disse: "Amiga, ele beija bem, ele tem pegada?", eu respondi com um sorriso sem graça: "Não.", ela disse: "Então não enche meu saco, você não quer ficar com ele não é porque ele é fanho, mas porque ele não tem pegada..."
  • Realmente. Pensei sobre o que a Flávia falou, não importa se o cara tem deficiência ou não, não estava preocupada com isso. Todos somos diferentes!!! Mas a "PEGADA" tem muita importância e faz diferença na hora da escolha dos parceiros. A inclusão está em tratarmos todos da mesma forma.

4 comentários:

Unknown disse...

Tinha que ser vc amiga! Nada mais original. Se eu não te conhecesse diria que é hipocrisia mas como sei muito bem com vc é imagino a cena. Beijos.

Unknown disse...

hahaha!!! MTO DIVERTIDO!!! Como é gostoso partilhar destas histórias bizarras... O q seria da minha vida sem estas noites divertidíssimas... Ah, e adorei a ilustre participação da Flavia... Rs!
Bjão flor!!!

Babi e Ana Paula disse...

hahahahahahahhaahahahaha!
o cara devia ser MUITO fanho, né cara... pq dá pra entender o q fanhos falam, oras! hahahahaahahahahaha!

mas que desperdício, hein? pelo q vc disse: negão, bonito, cavanhaque, sorriso bonito e sem pegada! ahhhhhhhhhhhh... faz favor!
hahahaahhahahah

bjooooo e adorei o blogg!
Ana Paula

Bárbara Saddy disse...

Que gostoso "ouvir" vc contar suas histórias... Me senti pertinho, do seu lado, quase que deu pra escutar sua voz, sua entonação...

Já virei leitora!!!

Mts bjs, querida